"Morrer é a curva da estrada"
O quadro já é recorrente: uma época festiva, uma “Operação” qualquer coisa, acidentes, estatísticas, feridos ligeiros, feridos graves, mortos.
Até ao momento, a “Operação Páscoa”, com a intervenção de 1100 patrulhas nas estradas portuguesas sob a jurisdição da GNR, conta 7 mortos. Um deles era Francisco Adam, um jovem de 22 anos, actor que encarnava a personagem Dino da série “Morangos com Açúcar”. A sua morte, tal como todas as outras, é lamentável. O facto de ser uma cara conhecida não nos pode fazer esquecer que ele foi apenas mais um dos inúmeros que já perderam a vida nas estradas, ou daqueles que ficaram incapacitados, o que, grosso modo, pode corresponder à mesma coisa. Quero com isto dizer que a sua morte não deve, na minha modesta opinião, ser encarada de uma forma individualista, mas, em virtude da sua mediatização, deve ser o símbolo de todos os incógnitos que morrem em acidentes rodoviários.
Os acidentes que ensombram as estradas portuguesas são um grave problema. E a que se devem? Ao excesso de álcool, ao excesso de velocidade, à não utilização do cinto de segurança, ao consumo de drogas, mas antes de mais à maldita mentalidade do “acontece aos outros, não a mim”.
Policiamento, multas, vigilância electrónica podem ser atenuantes, mas a mudança de atitudes passa por cada um de nós. E ao batido argumento de que os acidentes envolvem também quem não comete infracções, respondo que se cada um fizesse a sua parte a situação melhorava.
Prefiro pensar que a morte do actor tenha impacto nas camadas jovens e que contribua, de algum modo, para que estes se tornem condutores responsáveis.
Fernando Pessoa escreveu: “Morrer é a curva da estrada”. Para quantos o sentido literal desta frase já não foi verdade?
4 Comments:
mas grande seca é a reportagem em todos os canais de televisão em todas essas operações, em q aparece um agente da BT a dizer sempre as mesmas coisas. eu propunha que se gravasse um só e se repetisse sempre o mesmo em todas esssas situações. já enjoa!
By Anonymous, at 2:54 PM
quanto ao q dizes no post eu concordo se bem q a tendência é agora fazer grande alarido pq é uma pessoa conhecida, enquanto todas as mortes são igualmente lamentáveis.
By Anonymous, at 2:56 PM
Ontem o dia foi pesado. Depois de ter visto as reportagens sobre a morte do Francisco Adam, contabilizaram-se os mortos. Novamente, foram números absurdos: 8 mortos e mais de 20 feridos. Em Espanha, morreram 101 pessoas. Acabei por mudar para a RTP. Neste canal, vi a reportagem "Já não cabemos lá em casa". Foi tão forte o sentimento de impotência e revolta que necessitei de gritar a minha indignação (a minha mãe ouviu-me) e, de seguida, de ouvir uma palavra amiga que, por várias vezes, me tem dado força, pelo simples facto de ser cheia de vida. De repente, lembrei-me de uma frase ouvida na TVI, dita por uma senhora idosa em relação à morte do Dino: "Era como um filho ou um neto que me entrava em casa todos os dias e me fazia uma visita". Custou-me muito esta morte, assim como custa olhar para estes números absurdos, mas doeu-me mais o sofrimento silencioso... Desculpa a extensão do comentário, Carolina...
By Anonymous, at 11:24 PM
Pedro:
Não tens nada que pedir desculpa. Este espaço serve precisamente para expressarmos as nossas opiniões e sentimentos. O teu comentário enriqueceu o meu post e portanto só tenho que te agradecer e não desculpar.
By Carolina Almeida, at 10:02 AM
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