"Quando penso no mar, o mar regressa"
Não é impunemente que se nasce ilhéu. Vive-se para sempre escravo de uma ilusão de óptica que impõe fronteiras confortáveis ao nosso mundo. A perfeita fusão entre mar e céu, os tons de azul indefiníveis, o contorno impreciso e a própria inexistência física do horizonte fazem dele fonte de sentimentos ambíguos e quase antagónicos.
Se a frustração pela limitação geográfica que o próprio conceito de ilha encerra já pode ser mais facilmente mitigada, o mesmo não se poderá dizer do fascínio que o horizonte evoca. Em cada janela panorâmica procura-se a promessa da liberdade mais ampla, mais perfeita, mais impoluta. Não necessariamente uma fuga, mas o sentimento de paz interior decorrente da noção de infinito.
O ilhéu entende o mar como parte de si próprio. Revê-se no seu temperamento mutável, da doce serenidade à violência das tempestades, sente a sincronia entre o bater do seu coração e a respiração marítima, sabe como moldar pacientemente a rocha e compreende a inevitabilidade de morrer e renascer como as ondas da praia.
Se a frustração pela limitação geográfica que o próprio conceito de ilha encerra já pode ser mais facilmente mitigada, o mesmo não se poderá dizer do fascínio que o horizonte evoca. Em cada janela panorâmica procura-se a promessa da liberdade mais ampla, mais perfeita, mais impoluta. Não necessariamente uma fuga, mas o sentimento de paz interior decorrente da noção de infinito.
O ilhéu entende o mar como parte de si próprio. Revê-se no seu temperamento mutável, da doce serenidade à violência das tempestades, sente a sincronia entre o bater do seu coração e a respiração marítima, sabe como moldar pacientemente a rocha e compreende a inevitabilidade de morrer e renascer como as ondas da praia.
3 Comments:
Este é um dos mais belos textos que publicaste.
O ser ilhéu. Também eu nasci nesta Condição.
O Mar é uma presença constante, esperada, desejada, indissociável de nós. É um elemento fulcral do nosso próprio equilíbrio, o que pode parecer contraditório dada a sua essência mutável. Mas é como um experiente marujo que encontra sempre a perpendicular sobre qualquer onda.
É pura verdade: "não é impunemente que se nasce ilhéu".
Deixo-te uma frase de Sophia:
"O sol, o vento e o mar são minha biografia e são meu rosto".
Podendo, faria minhas as palavras da Poetisa, qual "ex-libris".
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Mani, at 3:58 PM
Prometi que ia começar a ver o teu blog com mais frequência e estou a cumprir a promessa.
Magnífico texto. Faz com que regresse em pensamento, e por breves momentos, às praias da minha infância, adolescência, da minha vida.
É esta saudade que traz lágrimas que sabem bem, lágrimas que simbolizam o valor que damos ao que ficou para trás e que nos fazem querer voltar para abraçar tudo de novo.
Tua amiga e quase irmã
Joana
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Anonymous, at 9:24 PM
Irra que difícil é cá chegar...eheheheheheh
Beijão grandeeeeeeee
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Laurentina, at 10:49 PM
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