Cronos Cruel
O tempo é algo difícil de definir. Há quem prefira contá-lo de segundos a anos, sem contudo entender que o tempo é a medida da intensidade das nossas experiências e não a sua duração. Talvez por isso ele seja tão cruel: dos minutos que se arrastam durante uma espera até às horas que voam em agradáveis afazeres ou companhias. Como se algo malévolo e perverso pretendesse arrastar a ansiedade, o aborrecimento ou o sofrimento e encurtasse o prazer, o gozo e a alegria, manipulando dolorosamente não os nossos patéticos relógios, mas algo muito superior, intrínseco ao próprio Universo.
Desde uns tempos a esta parte, sinto que o tempo foge de mim e essa sensação é no mínimo frustrante. Como se os dias fossem embalados na preocupação constante de ter sempre algo a fazer. Este ano lectivo (porque a minha vida é contada em anos lectivos e não anos civis) passou com uma velocidade incrível. Lembro-me ainda das primeiras conversas com os meus colegas de curso em que, ainda desconfiados de um conhecimento recém-adquirido, apenas aflorávamos terrenos seguros de notas, exames nacionais e expectativas do curso.
Passaram meses sem darmos por isso. E julgo que a sensação é extensiva a todos.
Cronos continua ser o deus impiedoso que devora os filhos, como há séculos os gregos acreditavam quando construíram o enredo intricado dos elementos do seu panteão.
(A sinceridade obriga-me a dizer que durante o mês de Junho não voltarei a escrever no blog. Se tudo correr como previsto, estarei de regresso em Julho. Até breve)
1 Comments:
hasta
By divagador, at 10:51 AM
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