"A minha pátria é a língua portuguesa"

Thursday, April 27, 2006

Um fantasma com 20 anos

Sempre que se fala em energia nuclear, pensamos inevitavelmente em Chernobyl, o pior desastre nuclear de sempre, ocorrido há 20 anos na Ucrânia. A explosão do reactor número 4 da central originou uma precipitação radioactiva com um nível de radioactividade 400 vezes superior ao de Hiroxima, obrigou 300 mil pessoas a abandonarem as suas casas e contaminou cerca de 142 mil quilómetros quadrados na Ucrânia, na Bielorrússia e na Rússia.
30 pessoas morreram devido à explosão e multiplicaram-se os casos de cancro na tiróide, sobretudo em crianças. Bebés nascidos com malformações, atrasos mentais e o medo são o legado de Chernobyl.
A ameaça é ainda bastante real. Dentro do sarcófago construído por cima dos escombros, a radiação é tão intensa que mata em poucos minutos. As fotografias da cidade de Pripyat, onde se situava a central nuclear, mostram uma desolação enorme. Uma cidade onde reina o silêncio e uma ameaça invisível.
Numa altura em que se discute tanto a política energética e em que o petróleo atinge preços absurdos, a energia nuclear voltou a estar na ordem do dia. Estima-se que o consumo de electricidade do planeta duplique nos próximos 25 anos e o aquecimento global, provocado pelas emissões de CO2 (dióxido de carbono) é uma questão preocupante, uma questão real, e não um devaneio de ambientalistas.
Os defensores da energia nuclear afirmam que esta pode salvar o planeta. Mas poderá também ajudar a destruí-lo. Entre os principais problemas, contam-se os acidentes, o armazenamento dos resíduos, os elevados custos de construção das centrais e a utilização do combustível para armas.
Diz-se que no futuro, os reactores serão mais eficientes, terão capacidade para reciclar combustível usado e diminuir os resíduos. Esperemos para ver.
Recentemente, José Sócrates lançou o apelo a um “debate racional” sobre a energia nuclear. Concordo: a discussão de ideias é sempre proveitosa. Mas, enquanto não se inventam reactores maravilha, há que investir nas energias alternativas. Tenho orgulho em referir dois bons exemplos regionais. Por um lado, temos a Central Geotérmica que produz alguma, não sei especificar quanta, da energia da região. Por outro, temos o exemplo de uma empresa privada, que utilizando excrementos de porco se tornou auto-suficiente e vende energia à EDA.
Portugal é um país com potencial energético não rentabilizado. Fomos abençoados com sol e não são construídos painéis solares. As turbinas eólicas são sempre problema devido ao ruído. Mas há semelhança da Dinamarca, creio que um parque eólico no mar seria bastante proveitoso. E isto para não falar de energia das marés, biomassa e hidrogénio.
Para além da óbvia redução nas emissões de gases com efeito de estufa, o nosso país podia tornar-me mais independente do petróleo, esse senhor, também chamado de ouro negro, que faz mover as guerras.

2 Comments:

  • O que os defensores da energia nuclear querem é o belo do lucro que aquilo dá. Quanto aos resíduos que duram milhares de anos, e ao risco real de haver acidentes os outros que se aguentem à bronca!

    By Anonymous Anonymous, at 6:15 PM  

  • O futuro é a fusão de hidrogénio...

    By Anonymous Anonymous, at 4:50 PM  

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