"A minha pátria é a língua portuguesa"

Thursday, May 18, 2006

A Polémica da Vinci

Depois de ter vendido milhares de cópias, de ter estado meses seguidos nos tops e de ter ascendido à categoria de best-seller, estreia hoje a adaptação cinematográfica de O Código da Vinci, de Dan Brown.
Ainda antes de ter estreado, o filme já levanta uma enorme polémica ou não estaríamos a falar da adaptação de um livro controverso, o que por si só é garantia de salas de cinema esgotadas. Por todo o mundo têm surgido diversas reacções ao filme, reacções essas que têm o mesmo denominador comum: a intolerância. Só para citar os casos mais caricatos, no Brasil foi interposta uma providência cautelar ao filme e na Índia a cabeça de Dan Brown anda a prémio (isto é que são bons católicos…). Suponho que não valha a pena falar da reacção do Vaticano e da Opus Dei, porque isso seria “chover no molhado”.
Foquemo-nos no livro, que é a origem de toda a problemática. Para os que ainda não leram, O Código da Vinci é um triller histórico que tem por base a hipotética relação marital entre Jesus Cristo e Maria Madalena. É um livro escrito de maneira inteligente, que origina uma leitura compulsiva e viciante. Não é de modo algum um aspirante a Nobel, como alguns já disseram. Na minha opinião o livro vale essencialmente por dois aspectos. O primeiro é que, numa sociedade onde predomina o machismo, machismo este com raízes inegavelmente ligadas à religião, a obra realça o papel do sagrado feminino nos cultos ancestrais. O outro aspecto prende-se ao facto de ser um livro que visa a abertura de espírito. Na minha óptica, O Código da Vinci não pretende mudar convicções religiosas mas sim apelar ao espírito crítico e à reflexão, até porque o final do livro é bastante aberto.
A influência desta obra estende-se a vários níveis. Começando pelo mais óbvio, foi a reacção agressiva da Igreja. Se tivermos em conta que existem pessoas que acreditam em tudo o que lhes põem debaixo do nariz, a atitude do Vaticano pode ser, em certa medida, entendida. Entendida, mas na minha opinião, não aceite. Até porque ao censurar um livro, o Vaticano ofereceu uma excelente publicidade do mesmo. Dan Brown deve ter pulado de contente.
Por outro lado, levou a um debate intenso, desde o mais básico “Já leste?” até a documentários. O interesse pelas origens da Igreja, suas primeiras décadas e Cristianismo primitivo aumentou. A religião é um tema na ordem do dia, e parece assim continuar, agora que o “Evangelho de Judas” surgiu.
Por fim, basta entrar numa livraria para notar um boom de livros associados no estilo ou no tema ao Código da Vinci. O triller histórico está em voga e há uma infinidade de livros parasitas sobre a vida de Jesus e Maria Madalena, sobre os Templários, o Priorado de Sião, Leonardo da Vinci e sobre o próprio livro.
Gosto de me pôr a imaginar Leonardo da Vinci no seu estúdio a dar pinceladas naquela que seria a sua obra mais famosa. Será que ele podia imaginar que o enigmático sorriso da Mona Lisa alimentaria tanta discussão? Sabendo que ele era um visionário e um homem à frente no seu tempo, não me parece muito absurdo pensar que sim.

2 Comments:

  • acho que tanto o livro como o filme deveriam ser censurados.
    tenho dito!

    By Anonymous Anonymous, at 7:00 AM  

  • Cara "Maria Aparecida dos Santos"

    estiveste muito bem, não estava à espera deste comentário.

    Private joke ;)

    By Blogger Carolina Almeida, at 10:25 AM  

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