"A minha pátria é a língua portuguesa"

Thursday, July 13, 2006

Sobre a Educação III

Juro que já tinha dado por encerrada a série “Sobre a Educação” mas as notícias de hoje sobre os exames nacionais fizeram alterar a minha decisão, mesmo correndo o risco de aborrecer os meus leitores.
Começando pelas provas de 9º ano, cabe aqui o reparo positivo de uma descida de 70% de níveis inferiores a 3 registados em 2005 nas provas de Matemática para os actuais 64%. Contudo, muito longe das estatísticas desejadas, mas Matemática, infelizmente, é o sempiterno problema, que na minha opinião deriva, em parte, da mentalidade fortemente enraizada do bicho papão.
Já nas provas de Língua Portuguesa registou-se o dobro de níveis negativos (46%). Muitas são as acusações feitas à prova, nomeadamente a existência de erros, mas o facto é que a língua mãe anda pelas ruas da amargura. Considero uma vergonha os atentados à língua que todos os dias se cometem, principalmente aqueles vindos de pessoas com maior grau de instrução. Sempre que alguém diz “a gente somos” ou “eu vi ela” Camões, Eça, Pessoa e tantos outros dão saltos no caixão. É preocupante (e já vi isto com os meus próprios olhos porque a minha mãe é professora de Português) constatar que os alunos escrevem nas provas da mesma forma que escrevem as mensagens de telemóvel. Dá vontade de dizer LOL (acrónimo de laugh out loud – gargalhada sonora) para evitar chorar. Dão facadas na língua e nem reparam.
Por outro lado, e falando globalmente, a maldita cultura da mediocridade e a lei do menor esforço vigoram, estando bem patente no discurso de um aluno do 9º ano entrevistado pelo Diário de Notícias que dizia: “Para passar, podia ter 2 no exame de Português e 1 no exame de Matemática, por isso nem me dei ao trabalho. Não vou estudar só para ter melhor nota, não é?"
Relativamente às provas do 12º ano, os alunos de Química e Física poderão repetir as provas em segunda fase sem serem prejudicados aquando da candidatura, isto é, podendo concorrer na primeira fase. Para quem não está a par das regras, um aluno que repita a prova candidata-se em segunda fase, o que significa que concorre para as vagas que não foram preenchidas no primeiro concurso. Para além da injustiça que esta medida representa relativamente aos alunos que conseguiram bons resultados, isso só prova a incompetência de quem andou a realizar os exames e não lançou provas modelo. É impressionante como é que essas abróteas levam um ano inteiro a estruturar as provas e conseguem a habilidade de colocar erros e questões altamente polémicas. Mais ainda, têm a suprema arrogância de não reconhecer um erro mesmo quando a esmagadora maioria está contra.
E, em jeito de conclusão desta série de textos, só me resta concluir que a Educação neste país está a afundar-se.

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