Como na Idade Média
I) Ainda na sequência da estreia mundial de O Código da Vinci, em Itália, uns senhores de extrema-direita convocaram uma queima de exemplares do livro que inspirou o referido filme. Na verdade, a iniciativa foi mais participada pelas pessoas que resolveram ir atirar tomates do que aqueles que estavam a recordar os bons velhos tempos em que o fogo era o meio de evitar a conspurcação da sociedade pela cultura e pelo pensamento cientifico, queimando os livros e condenando ao mesmo destino quem os escrevia e quem os lia. Foi de facto uma ideia muito interessante. Serviu ao menos para mostrar que numa Europa democrática e laica existem pessoas para as quais a palavra “tolerância” não consta do dicionário.
Estive a pensar e talvez também faça uma fogueirinha, até porque eu não gosto nada de livros. Estive a analisar a minha estante e decidi queimar Harry Potter, Saramago, Dan Brown e Virgílio Ferreira. Alguém quer participar?
II) Fiquei bastante surpreendida quando li no domingo um artigo no DN sobre cirurgias de reconstrução do hímen – himenoplastias. Um cirurgião plástico referia que as realiza maioritariamente a senhoras em grande estado de ansiedade, geralmente do interior, que iam casar com um homem, mas que entretanto romperam o compromisso. Uma das questões que colocam a esse cirurgião prende-se com o facto de ele estar a participar numa farsa.
A presidente da Associação para o Desenvolvimento das Mulheres Ciganas Portuguesas refere que nada pode restituir a dignidade e a honra a uma mulher que foi “desflorada”. O presidente da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento da Etnia Cigana refere que “Se a mulher não vier nas devidas condições é rejeitada”. Ponto número 1: uma esposa não é um produto de supermercado que se estiver estragado se devolve. Ponto número 2: parece-me mais que estas instituições contribuem para o não desenvolvimento da etnia cigana. Ponto número 3: não consigo compreender como no nosso tempo a dignidade de um ser humano possa estar associada à sua intimidade sexual. Casar virgem devia ser uma opção e não uma imposição social.De facto a evolução da espécie foi muito cruel com as mulheres: para além de as ter criado, em geral, mais vulneráveis fisicamente, ainda as tinha de dotar de uma estrutura anatómica exclusiva pela qual a sociedade as cataloga como dignas ou não.
Estive a pensar e talvez também faça uma fogueirinha, até porque eu não gosto nada de livros. Estive a analisar a minha estante e decidi queimar Harry Potter, Saramago, Dan Brown e Virgílio Ferreira. Alguém quer participar?
II) Fiquei bastante surpreendida quando li no domingo um artigo no DN sobre cirurgias de reconstrução do hímen – himenoplastias. Um cirurgião plástico referia que as realiza maioritariamente a senhoras em grande estado de ansiedade, geralmente do interior, que iam casar com um homem, mas que entretanto romperam o compromisso. Uma das questões que colocam a esse cirurgião prende-se com o facto de ele estar a participar numa farsa.
A presidente da Associação para o Desenvolvimento das Mulheres Ciganas Portuguesas refere que nada pode restituir a dignidade e a honra a uma mulher que foi “desflorada”. O presidente da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento da Etnia Cigana refere que “Se a mulher não vier nas devidas condições é rejeitada”. Ponto número 1: uma esposa não é um produto de supermercado que se estiver estragado se devolve. Ponto número 2: parece-me mais que estas instituições contribuem para o não desenvolvimento da etnia cigana. Ponto número 3: não consigo compreender como no nosso tempo a dignidade de um ser humano possa estar associada à sua intimidade sexual. Casar virgem devia ser uma opção e não uma imposição social.De facto a evolução da espécie foi muito cruel com as mulheres: para além de as ter criado, em geral, mais vulneráveis fisicamente, ainda as tinha de dotar de uma estrutura anatómica exclusiva pela qual a sociedade as cataloga como dignas ou não.